Alexandre O’Neill por Maria Antónia Oliveira
A poesia, operação de sobrevivência
«Eu tive a grande alegria de ver poemas meus completamente desatualizados depois do 25 de Abril. Mas afinal não estavam nada desatualizados, não. Como se pode ver. Quer dizer — o que é um péssimo sinal relativamente à minha capacidade para vaticinar — que a realidade fez de mim, novamente, um poeta atual. Até no fantasma do tempo [omnipresente na sua poesia] a que você se refere. Espero que isto um dia acabe e eu fique bem desactualizado e para todo o sempre.»
Partindo destas palavras ditas por Alexandre O’Neill em 1982, a aula visitará os seus poemas e prosas naquilo onde nelas se espelha o aqui-agora, o tempo que ele quis fixar poeticamente. Serão ainda tratadas as várias facetas de O’Neill enquanto autor: as letras de canções, os slogans publicitários, as traduções, os textos para cinema, teatro e televisão. Os participantes são convidados a trazer textos de Alexandre O’Neill da sua preferência.
::
A língua, a literatura e a liberdade são os tópicos das aulas do FeLiCidade. A quadrangulação presente nas Conversas é estendida a estas sessões, acessíveis a um público abrangente. Celebramos os 500 anos de Camões (Frederico Lourenço remonta ao estudo do autor, e José Luiz Tavares desafia-nos a conhecer o Camões Crioulo), os 100 anos de Alexandre O’Neill, os 100 anos do surgimento de Ricardo Reis (numa aula sobre o heterónimo de Pessoa e outra sobre o Ricardo Reis de Saramago), estudamos o potencial poético e literário das canções Mulheres de Atenas de Chico Buarque (por João Constâncio e Luísa Buarque) e Língua, de Caetano Veloso (por Eucanaã Ferraz e Pedro Duarte). E como resistir às aulas sobre Rui Knopfli, Mário Domingues, Ruy Duarte de Carvalho e outros autores africanos?