Cc | Cláudia Jardim & Cláudia Semedo
“Pois que toda a literatura é uma longa carta a um interlocutor invisível, presente,
possível ou futura paixão que liquidamos, alimentamos ou procuramos”.
Assim começam As Cartas, As Maiores, que depois de Mariana una se triplicaram em
Marias. Assim começamos nós em versão Dual. Sem a mesma musa, sem estar ao colo da literatura, mas com vontade de inscrever no aqui e agora o mundo que se desfaz. Mais do que um caminho uma para a outra – que espero possível – procuro um caminho para mim.
Direção e Interpretação: Cláudia Jardim e Cláudia Semedo
Atividade com tradução em Língua Gestual Portuguesa.
Cc faz parte do conjunto de Leituras Encenadas LínguaAcção com curadoria de Nádia Yracema e Sara Carinhas:
Estas leituras encenadas podem não ser leituras e podem nem ser ensaiadas. Desejamos sobretudo que tenham eco, que convoquem, entranhando-se. Doze artistas, lado a lado, vislumbram possibilidades e desenham mudanças. Elas falam na sua linguacção, suas ideias e suas coreografias ocupam os espaços vazicheios, desativando as arapucas. A gente quer presentificar nossas línguas e nossas vivências – cada oportunidade dessas, é celebração de cruzamentos e de surpresas por revelar. Um ensaio de comunidade e revolução. Nkululeko primeiro, para que a língua possa falar depois, transformando e trans-formando-se. Como se usa a língua em nkululeko, celebrando as suas múltiplas formas e existências? Com hamu. Como se cuida da nkululeko? Com hamu. Como encontramos espaço dentro da linguagem, e além dela, num sistema que tende a fechar-se na sua própria normatividade? Talvez com hamu. Nkululeko e língua são invenções, palavras imaginadas para nos traduzirmos no mundo. E dentro delas há atravessamentos e reverberações, há fricções. Só assim pode estar vive. Pe tud funçiona tem k estod vive.