Língua Materna | Aoaní Salvaterra + Raquel Lima

Falar não é só sobre usar uma certa sintaxe e agarrar a morfologia de uma língua, mas é fundamentalmente assumir a cultura e suportar o peso de uma civilização” (Fanon).

Para nós é também sobre decifrar línguas ancestrais, retornar a úteros linguísticos míticos e questionar a hegemonia de certas línguas. E a língua portuguesa, é materna da parte de quem?

Texto: Aoaní d’Alva, Maria de Lourdes Salvaterra, Maria Palmira Joaquim e Raquel Lima

Direção e interpretação: Aoaní Salvaterra e Raquel Lima

Atividade com tradução em Língua Gestual Portuguesa.

Língua Materna faz parte do conjunto de Leituras Encenadas LínguaAcção com curadoria de Nádia Yracema e Sara Carinhas:

Estas leituras encenadas podem não ser leituras e podem nem ser ensaiadas. Desejamos sobretudo que tenham eco, que convoquem, entranhando-se. Doze artistas, lado a lado, vislumbram possibilidades e desenham mudanças. Elas falam na sua linguacção, suas ideias e suas coreografias ocupam os espaços vazicheios, desativando as arapucas. A gente quer presentificar nossas línguas e nossas vivências cada oportunidade dessas, é celebração de cruzamentos e de surpresas por revelar. Um ensaio de comunidade e revolução. Nkululeko primeiro, para que a língua possa falar depois, transformando e trans-formando-se. Como se usa a língua em nkululeko, celebrando as suas múltiplas formas e existências? Com hamu. Como se cuida da nkululeko? Com hamu. Como encontramos espaço dentro da linguagem, e além dela, num sistema que tende a fechar-se na sua própria normatividade? Talvez com hamu. Nkululeko e língua são invenções, palavras imaginadas para nos traduzirmos no mundo. E dentro delas há atravessamentos e reverberações, há fricções. Só assim pode estar vive. Pe tud funçiona tem k estod vive.