Somos o Que Pudemos Não Perder | Sara Carinhas & Selma Uamusse + Ola Mekelburg

A frase é de Maria Velho da Costa, não é nossa, mas herdamo-la porque ela existe, passa a pertencer-nos. Dentro dela está a nossa leitura-encontro-canção, desenhada de forma tateada, numa proposta que fala das palavras dentro da música e da música dentro delas. Em busca de pistas sobre o que nos acontece desde que (ainda agora) nascemos, e um outro acontecer imenso, em eterno gerúndio, que é o mundo em movimento, imparável, procuramos em outras vozes, além das nossas, histórias de pertença, de dúvida, de dores de crescimento e de celebração de qualquer coisa essencial, que reconhecemos e que buscamos entrelaçar connosco.
Criação e interpretação: Ola Mekelburg, Selma Uamusse e Sara Carinhas

Textos de: Djaimilia Pereira de Almeida, Dona Edith do Prado, Gisela Casimiro, Grada Kilomba, Letrux, Matilde Campilho, Maria Velho da Costa, Noémia de Sousa, Sara Carinhas, Sara Tavares

Atividade com tradução em Língua Gestual Portuguesa.

Somos O Que Não Pudemos Perder faz parte do conjunto de Leituras Encenadas LínguaAcção com curadoria de Nádia Yracema e Sara Carinhas:

Estas leituras encenadas podem não ser leituras e podem nem ser ensaiadas. Desejamos sobretudo que tenham eco, que convoquem, entranhando-se. Doze artistas, lado a lado, vislumbram possibilidades e desenham mudanças. Elas falam na sua linguacção, suas ideias e suas coreografias ocupam os espaços vazicheios, desativando as arapucas. A gente quer presentificar nossas línguas e nossas vivências – cada oportunidade dessas, é celebração de cruzamentos e de surpresas por revelar. Um ensaio de comunidade e revolução. Nkululeko primeiro, para que a língua possa falar depois, transformando e trans-formando-se. Como se usa a língua em nkululeko, celebrando as suas múltiplas formas e existências? Com hamu. Como se cuida da nkululeko? Com hamu. Como encontramos espaço dentro da linguagem, e além dela, num sistema que tende a fechar-se na sua própria normatividade? Talvez com hamu. Nkululeko e língua são invenções, palavras imaginadas para nos traduzirmos no mundo. E dentro delas há atravessamentos e reverberações, há fricções. Só assim pode estar vive. Pe tud funçiona tem k estod vive.