Rodrigo Brandão
O universo de Rodrigo Brandão pauta-se pela profundidade lírica, por um olhar punk e pelas relações espirituais entre o imaginário urbano e a ancestralidade africana. Dono de uma carreira com mais de vinte anos, gravou doze discos e colaborou com vários nomes internacionais, desde o rapper Del The Funky Homosapien (Hieroglyphics, Gorillaz) ao saxofonista Pharoah Sanders. Durante muito tempo, foi conhecido como rimador autoral, em diversos projetos, como Mamelo Sound System, Ekundayo e Zulumbi. Em 2016, afirmou-se no cenário norte-americano na linha de frente de BROOKZILL!, junto a DJ Prince Paul e a MC Ladybug Mecca (Digable Planets), o que resultou no álbum Throwback To The Future, mencionado em várias listas de Melhores Discos do Ano, incluindo no The Observer. Atualmente, Brandão dedica-se ao spoken word em improvisação livre.
No FeLiCidade, apresenta-nos o espetáculo Línguas Nativas:
A vez de ouvir a voz de quem tem pouca ou nenhuma. O extrato de uma alma imigrante, que se vê obrigada a abraçar o mote ‘existir é resistir’ em reação às paredes que a encurralam de forma dura e fria a cada amanhecer, numa terra onde gostaria de poder sentir-se em casa. A dor e a beleza de ser quem se é. A crónica de um corpo social em queda livre, cujo dono insiste em repetir: “até aqui, tudo bem… até aqui, tudo bem”. Perceber e desenhar com palavras a realidade. Sim, mas sem choradeira. É mergulhar no plural pertencente à palavra party, que encerra em si tanto a ideia de celebração quanto o conceito de partido, pique Pantera Negra. É a festa pelo direito de luta, e a luta pelo direito de festa. Sob o signo dos Orixás, sempre.